sexta-feira, 30 de março de 2012

Um gigante chamado Arthur Bispo do Rosário

Arthur Bispo do Rosário nasceu no ano de 1909, em Japaratuba, Sergipe. Foi batizado na igreja matriz de Nossa Senhora da Saúde. 

Tornou-se marinheiro no ano de 1925, exercendo a função de sinaleiro-chefe até o ano de 1933. Ele havia prestado serviços à Marinha, dos 15 aos 23 anos, na função de sinaleiro-chefe. Como entre os esportes ali estimulados estava o boxe, Bispo se entregou de corpo e alma ao pugilismo. Depois trabalhou como borracheiro na Aviação Excelsior (subsidiária da Light) até 1937. Foi nesse ano que conheceu o advogado HUMBERTO LEONI, que o defendeu em uma causa trabalhista e depois o empregou em sua casa, auxiliando em serviços domésticos.


Na noite 22 de Dezembro de 1938, despertou com alucinações que o conduziram ao patrão, o advogado Humberto Magalhães Leoni, a quem disse que iria se apresentar à Igreja da Candelária. Depois de peregrinar pela Rua Primeiro de Março e por várias igrejas do então Distrito Federal, terminou subindo ao Mosteiro de São Bento, onde anunciou a um grupo de monges que era um enviado de Deus, encarregado de julgar aos vivos e aos mortos. Dois dias depois foi detido e fichado pela polícia como negro, sem documentos e indigente, e conduzido ao Hospício Pedro II (o hospício da Praia Vermelha), primeira instituição oficial desse tipo no país, inaugurada em 1852, onde anos antes havia sido internado o escritor Lima Barreto (1881-1922).


Foi transferido para a COLÔNIA JULIANO MOREIRA, no Rio de Janeiro, onde chegou a ficar por 50 anos não consecutivos. Sobre a sua própria situação e a de seus colegas, tinha opiniões muito particulares: “O louco é um homem vivo guiado por um morto”, dizia. Ou: “Os doentes mentais são como beija-flores: nunca pousam, ficam a dois metros do chão”.
Por sete anos ficou isolado em sua sela, foi neste período que executou várias peças de tamanha complexidade, como jamais seriam vistas. Estandartes bordados de forma tão magnífica que chegou a deslumbrar muitos críticos de arte pelo mundo. Para esses bordados chegou a desfiar suas vestes azuis para utilizar a linha em seus bordados que enfeitaram o "MANTO DA APRESENTAÇÃO". Imagens e poemas por todos os lados. Um ateliê e um templo para suas reflexões. Utilizava do lixo produzido no local para recolher a matéria-prima necessária para realizar seus feitos. Trocava objetos do cotidiano com outros pacientes, objetos que ela logo encontrava um lugar para encaixar em sua arte vanguardista. A incrível lógica de coisas como pedaços de arames, latas, relógios, plástico, embalagens de sabonetes variados, pratos, colheres, frascos de perfumes e desodorantes, barbantes, madeira e tudo mais.
No ano de 1982 algumas de suas peças foram expostas no MUSEU DE ARTE MODERNA do Rio de Janeiro numa coletiva reunindo presidiários, menores infratores e idosos, intitulados À margem da vida. A princípio ele não quis participar, mas depois cederam algumas obras. Na época, o crítico de arte Frederico Morais ofereceu-lhe uma sala inteira para exposição no MAM, onde Bispo poderia se espalhar e se alojar por um tempo. No entanto ele não aceitou.
Morreu em sua cela no ano de 1989. Um artista magnífico com sua arte complexa e cheia das mais variadas mensagens. Um artista reconhecido aos olhos de muitos. Seus mantos, estandartes, esculturas de barcas e outras mais.  







quarta-feira, 28 de março de 2012

"PATCHWORK E MEMÓRIAS"

ACRÍLICO SOBRE TELA 25X20
Os retalhos foram colocados um a um. Cada um deles traz um momento diferente da vida, e muitas vezes se repetem, mas não da mesma forma. Vermelho de carmim aquecendo o espirito, aflorando as paixões. Dourado complementando os desejos. Idéias flutuantes fazem o tempo parar e ela se entrega por completo.

terça-feira, 27 de março de 2012

"ARQUITETURA DAS FAVELAS"

NANQUIM SOBRE CANSON 29,5X20
Este trabalho foi feito à partir de uma fotografia. Fiquei preso aos detalhes por muito tempo, pois eu queria que tivesse tanta força e elementos do cotidiano das pessoas que vivem por lá. As gambiarras num emaranhado como se fosse uma teia de aranha. A sobreposição dos diversos tipos de materiais empregados na construção dos barracos. Uma a uma sendo ajustada para proporcionar o máximo de segurança e conforto possível a cada família. Lembrei das fotografias do Sebastião Salgado, cheias de elementos tão fortes e cheios de vida. A construção de uma cidade no meio de outra cidade. Uma cidade que aproveita as sobras de sarrafos, compensado, latão, plástico, papelão e borracha. Uma arte chocante e cheia de vida. Cheia da força de vontade de muitas pessoas que batalham muito todos os dias para continuar a viver de forma mais digna. 
Da lage de onde o menino solta pipa e a dona de casa arma seus varais e pendura roupas como bandeirolas coloridas. Bandeiras de um povo de sobrenome Brasil.

segunda-feira, 26 de março de 2012

"Portal"


"Tem coisas que são como grandes portais do tempo. Que nos lançam, nos regressam a pontos do passado que são como marcos em nossa vida. São filetes de memória, partes de um quebra-cabeça ao qual fomos perdendo as peças, até que restassem somente algumas muito arranhadas pelo tempo. Todavia estas mesmas ranhuras ainda podem ser reavivadas por lances melancólicos de saudades. Pois que a vida cravou em nós até mesmo os perfumes da natureza, que caudalosos atinam e fomentam o ser. E assim são também as fotografias, as músicas, as cores, os perfumes e os lugares que funcionam como alavancas para o cérebro.

Quem sabe esta saudade, este vazio, não passe de um pretexto para chorarmos um pouco. Por que “Imagine” me faz sentir tão perdido? Ou talvez seja eu em toda essa melancolia. Sei lá... O mundo anda tão complicado, cheio de mensagens para que eu e tu decifremos, ou pelo menos tentar mover a torre.

Será que a beira da loucura sentimos saudades d'alguma coisa, como do tempo em que são esquecia a panela no fogo antes de ir ao banco pagar a conta de água que esta atrasada a quase um mês. Agora desfaça todo emaranhado, mas não se faça de vitima, nem tente se fazer blindar no espírito, nem se jogue pela janela só por ela esta aberta.

Às vezes nos privamos de coisas tão simples, até que olhamos para trás e lá estão elas te esperando para que um dia retorne. É a chance de sua vida. Não porque seja importante, mas porque foi daquele momento em diante que passamos a negligenciar momentos que poderiam ter sido de grande felicidade. Como quando choro e nenhuma lágrima sai, içando presa nalgum lugar. É tudo que você tem para dar ao mundo, mas o mundo quer mais, porque sabe que você pode dar ainda mais. Tem um ponto na tua testa que diz que você precisa acordar cedo, mas você não acorda cedo mesmo estando com os olhos abertos. Ainda não consegue ver o jardim que espera para ser plantado e espera para florescer na próxima estação.

Sabe, uma vez eu estava esperando muito por uma festa: comprei roupas novas, cotei o cabelo, tudo para parecer ou melhor, para aparecer para outras pessoas. Um verdadeiro vazio na vida. Um vazio que só percebemos depois que tiramos as máscaras e nos livramos de tamanho peso. Costumo dizer que algumas lembranças podem melhorar muito o ser humano. Não esquecer quem somos e de onde viemos.

Eu quero uma “CASA NO CAMPO” ou em qualquer lugar bem sossegado para receber meus amigos e ter onde guardar meus CDs e onde possa pintar minhas telas. Visto que assim são as lembranças, que se tornam vagas, que vão ficando mais ralas e se extinguem na memória. Mas um dia elas ressurgem, como quando vi aquele velho pente de osso igual ao que minha avó usava prendendo o cabelo. É a sensação mais suave que uma pessoa pode ter. Olhar o passado através de um objeto que deu vida a memórias perdidas."


(Escrevi este texto no dia 15 de março de 2000. Não sei o motivo de tais palavras ou que estava se passando em minha cabeça. O que afirma a força do que escrevi como fragmentos que o tempo quase apaga.)

Uma igreja para o Morro da Capelinha feita por Oscar Niemeyer

 (Reprodução) 
Há alguns dias, chegou às mãos de Oscar Niemeyer documento assinado por lideranças comunitárias de Planaltina. Na carta, os remetentes pediam uma igreja desenhada pelo arquiteto. Usaram como argumento que a encenação do Morro da Capelinha vai fazer 40 anos, reúne 140 mil pessoas, é uma marca da cultura no DF. Niemeyer topou. Vai adaptar um projeto que havia concebido para a cidade de Itaipava (RJ) a Planaltina. Do alto da capela, será possível enxergar a Torre Digital, a mais recente obra de Oscar em Brasília. 

Fonte: CorreioBraziliense

domingo, 25 de março de 2012

"BIEL"

NANQUIM SOBRE CANSON  29,5X20
O garotinho se apresenta vestido de super herói. Algo que todas as crianças fizeram ou tiveram vontades de fazer. Algumas vezes elas utilizam cobertores como capas, colheres como espadas, vassouras como cavalos e tudo que elas puderem por as mãos. O imaginário infantil é simplesmente fantástico. Somente uma criança pode prender um fantasma com uma corda como se este fosse um cachorrinho. Este desenho nada mais é que a simplicidade das coisas e a magia envolta no mundo da criança.

sexta-feira, 23 de março de 2012

LÁPIS DE GRAFITE

Infelizmente não sei de quem é este desenho, nem
consigo identificar a assinatura.
Minhas primeiras manifestações artísticas foram obtidas com lápis de grafite. Segundo minha mãe, eu era ainda muito pequeno quando alguns alunos chegaram a nossa casa em busca de uma criança para fazer um desenho para ser exibido em uma gincana escolar. Desenhei um pintinho, e aquela foi minha primeira obra a ser exposta. Hoje costumo dizer que trabalhar com lápis e desenvolver uma técnica é para poucos, e que eu gostaria muito de estar entre esses poucos.
Desenho de Edgar Degas
O lápis surge na Alemanha pela primeira vez em 1644 na agenda de um Oficial de Artilharia. Em 1761 na aldeia de Stein, perto de Nuremberg, Kaspar Faber inicia sua própria fábrica de produção de lápis na Alemanha.
A partir de 1839 ocorre um aperfeiçoamento do chamado processo de fabricação da grafite, com a adição de argila; uma invenção quase paralela do francês Conté e do austríaco Hartmuth no final do século XVIII. A partir de então argila e grafite moídos são misturados até formarem uma pequena vara e depois queimados.
Gustav Klimt
Através da mistura de argila com grafite tornou-se então possível fabricar lápis com diferentes graus de dureza. Lothar Von Faber aumenta a capacidade de produção de sua fábrica. Após a construção de um moinho de água, a serragem e entalhamento da madeira passam a ser mecanizados e uma máquina a vapor torna a fabricação ainda mais racional. Desta forma está aberto o caminho para a indústria de grande porte.
Dos tempos pioneiros até os dias de hoje, tanto a qualidade quanto a forma de produção dos lápis de grafite e dos lápis de cor, foram sendo cada vez mais aprimoradas. Embora a forma e a aparência externa dos lápis tenham sido mantidas iguais até os nossos dias, não é possível comparar os lápis fabricados antigamente com a pureza e seriedade com que os artigos atuais são produzidos.
Quase todos os tipos de papel - lisos, texturizados, rugosos - são também um suporte adequado. Papéis como o "Ingres" ou "Canson" são ótimos suportes para trabalhos em tons de cinza e em "degradé". O tipo de papel que se usa é importantíssimo, pois determina a forma como a grafite se vai comportar. Papéis coloridos são também frequentemente usados para trabalhos de desenho à grafite.