domingo, 21 de agosto de 2016

TEU NOME É CLARICE

Mulher linda, nascida na Ucrânia, naturalizada e amada como cidadã brasileira. Filha dos judeus russos Pinkhas Lispector e Mania Lispector. Vinda de uma família judaica migraram para o Brasil em no ano de 1922, em decorrência da GUERRA CIVIL RUSSA e da perseguição aos judeus. Por volta de 1910 Mania Lispector foi estuprada por um grupo de soldados, dos quais pegou sífilis. Foi ela quem cogitou a ideia de fuga. E após inúmeras reviravoltas conseguiram chegar ao Brasil, precisamente em Maceió, onde ficaram por pouco tempo. Foi em Recife que Clarice passou a infância e parte da adolescência. Foi lá que aos nove anos de idade que ela escreveu sua primeira peça teatral "Pobre Menina Rica", um texto perdido. Tentou publicar contos infantis no DIÁRIO DE PERNAMBUCO, mas seus textos não foram aceitos por não seguirem os padrões ‘Era uma vez, e isso e aquilo...’. E os meus eram sensações. ... Eram contos sem fadas, sem piratas. Então ninguém queria publicar”. O estado de saúde de Mania piorou, Clarice começou a escrever contos e crônicas para alegrar a mãe. Mania Lispector morreu em 21 de setembro de 1930, sendo sepultada no Cemitério Israelita do Barro.

Entre duas notas de música existe uma nota, 

entre dois fatos existe um fato, 
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam 
existe um intervalo de espaço, 
existe um sentir que é entre o sentir 
- nos interstícios da matéria primordial 
está a linha de mistério e fogo 
que é a respiração do mundo, 
e a respiração contínua do mundo 
é aquilo que ouvimos 
e chamamos de silêncio.


Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1935. Aos 16 anos de idade entrou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, causando a estranheza de muitas pessoas, por ser mulher e por não pertencer a elite carioca da época.
Em agosto de 1940, seu pai passou mal e foi levado a um médico, que informou-lhe que sua vesícula biliar precisaria ser retirada através de uma cirurgia considerada simples, que foi marcada para 23 de agosto. Após voltar da clínica com uma forte dor, Pinkhas Lispector morreu três dias depois, em 26 de agosto de 1940, aos 55 anos.


Seu primeiro texto publicado na revista foi Eu e Jimmy e seu primeiro romance foi Perto do Coração Selvagem.

Trabalhou na Agencia Nacional (foi uma agência de notícias brasileira criada em 1º de março de 1937). Lá conheceu o jornalista Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou, no entanto não foi correspondida pois ele ara homossexual. Tornaram-se grandes amigos. Conheceu Maury Gurgel Valente, mantiveram correspondência por algum tempo, pois ele era diplomata brasileiro, proibido portanto, pela legislação da época, de casar-se com uma estrangeira. Em 12 de janeiro de 1943, Clarice Lispector obteve a naturalização, casou-se com Maury Gurgel Valente no dia 23 mesmo mês, em cerimônia civil.

Em 10 de agosto de 1948, nasce em Berna, Suíça, o seu primeiro filho, Pedro Lispector Valente. Em 10 de fevereiro de 1953, nasce Paulo Lispector Valente(anos mais tarde diagnosticado com esquizofrenia), o segundo filho de Clarice e Maury, em Washington, D.C., nos Estados Unidos. 

Em 1959, Clarice separa-se do marido, devido ao fato de ele estar sempre viajando a trabalho, exigindo que ela o acompanhasse todo o tempo. Mas ela precisava cuidar do filho esquizofrênico e continuar se dedicando a carreira, não queria abrir mão dessas coisas. Sentia-se um pouco culpada pela doença do filho.

Em 14 de setembro de 1966, provoca, involuntariamente, um incêndio ao dormir deixando seu cigarro aceso. O quarto fica destruído, e a escritora é hospitalizada, ficando entre a vida e a morte por três dias. Sua mão direita é quase amputada devido aos ferimentos.

Pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela, Clarice é hospitalizada, com um câncer de ovário detectado tarde demais e inoperável. A doença se espalhara por todo o seu organismo. Clarice faleceu em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro. Até a manhã de seu falecimento, mesmo sob sedativos, Clarice ainda ditava frases para sua melhor amiga, Olga Borelli, que sempre estivera ao lado da amiga, desde a juventude. 

Falar de Clarice Lispector é gratificante, é um mergulho na simplicidade da escrita e na intensidade dos sentimentos. Sua historia é tão maravilhosa quanto sua escrita. 

O que tem para ser lido?

Perto do coração selvagem (1943)
O lustre (1946)
A cidade sitiada (1949)
A maçã no escuro (1961)
A paixão segundo G. H. (1964)
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969)Água viva (1973)
Um sopro de vida (1978)
O mistério do coelho pensante (1967)
A mulher que matou os peixes (1968)
A vida íntima de Laura (1974)
Quase de verdade (1978)
Como nasceram as estrelas (1987
Para não esquecer (1978)
A descoberta do mundo (1984)
Correspondências (2002)
Minhas queridas (2007)
Entrevistas (2007)
Outros Escritos (2005)
Correio Feminino (2006)
Só para mulheres (2006)

Boa leitura!