segunda-feira, 15 de julho de 2013

MOFO, BOLOR E TRINCAS NA PINTURA

"ALMOÇO NA RELVA" (uma das partes salvas por Monet)
A primeira vez que soube do ataque de bolor em pinturas foi quando li o livro "Monet" de Christoph Heinrich, pela Editora Taschen. O livro traz o relato da quase total destruição de O ALMOÇO NA RELVA de 4,20 X 6,50 metros. Monet teve que se desfazer do quadro como garantia ao seu senhorio por consequência de meses de aluguel em atraso. Mais tarde quando o pintor resgatou a tela, ela já estava em grande parte destruída pelo bolor. Ele recortou-a sobrando apenas duas partes da obra. Contam que tal obra esteve em seu poder até quase o fim de sua vida.

Para que você possa entender: bolor é o fungo em estágio inicial, quando, sobre diferentes superfícies, fica uma camada em alto relevo na tonalidade acinzentada. Sendo que o mofo é o fungo em estágio avançado, que deixa uns pontinhos pretos; muito difícil de sair quanto encontrado em superfícies fibrosas, principalmente tecidos. 

EXPERIÊNCIA CRUEL:

Tive o desprazer de ter uma de minhas telas("NARCISO") atacada por mofo e bolor. Quando percebi a tela já tinha grande parte de sua superfície atacada por tais fungos. Fiquei muito aborrecido, chegando a pensar em destruir a tela e fazer uma outra, mas depois de algumas pesquisas resolvi usar uma solução de água mineral e vinagre branco. Fiz uma limpeza demorada e bastante minuciosa para que eliminasse ao menos 90% do bolor. Para isto removi a tela do chassi, limpando frente e o verso. A tela ficou em observação por algum tempo para que pudesse ter certeza de que havia eliminado o risco de que tal praga voltasse. Consegui eliminar o fungo, mas restaram algumas manchas, resolvia guardar a pintura para que mais tarde viesse a fazer uma restauração. Mais uma vez tive uma surpresa, sendo que desta vez surgiram trincas na pintura. Demasiado aborrecido, pensei mais uma vez em destruir a tela. Então, mais pesquisa e o desafio de restaura-la. 



Voltei a trabalhar na tela, preparei um novo chassi e estiquei a tela cuidadosamente com medo de que a rasgasse, tendo o cuidado de não tensionar muito e correr o risco de surgir novas trincas. Voltei a trabalhar as cores de minha paleta, o que ajudou muito, pois costumo trabalhar quase que sempre com as mesmas cores. Depois de muito trabalho a tela ficou pronta, ganhou um aspecto diferente do que era antes, mesmo assim agradou-me muito.

COMO PODE TER OCORRIDO:

Comecei a a fazer experiencias com gesso acrílico, pois sempre achei legal trabalhar processos de tal alquimia. Ter a possibilidade de preparar meus próprios suportes sempre foi algo que sempre me atraiu muito. Escolher o tecido de algodão, preparar o gesso na devida proporção de gesso e goma, montar o chassi e esticar a tela. Então posso descrever alguns pontos que hoje ajudam-me a prevenir muitos problemas:

1 - Costumo lavar o tecido antes de usá-lo e enxaguá-lo bastante;

2 - Estico o tecido e aplico uma leve camada de gesso acrílico, deixo secar e plico mais uma demão;

3 - Estico a tela no chassi sem fazer muita tensão, mas tendo o cuidado de que não fique frouxa e venha a surgir mossas após a pintura da tela;

4 - Aplico uma camada de base de goma feita de grãos de pele de coelho, o que protege consideravelmente contra sujeira e reduz a taxa de degradação.

Estas são as dicas que tenho a respeito de tais problemas. Estou sempre em busca de novas técnicas, estudando sempre para continuar aprimorando minha técnica. Aprendendo com os erros e brincando com a imaginação.

Um comentário:

Anônimo disse...


Já perdi telas maravilhosas e enormes pela falta de manejo e informação. A tinta a óleo para tela é um material orgânico pelos aglutinantes que contêm, o próprio óleo de linhaça aplicado ao tecido na estação de inverno, pela densa umidade do ar, dependendo muito do tipo de tecido usado no suporte de pintura, com certeza trará dores de cabeça. Aqui vão três dicas importantes, colegas - adicionem branco de "zinco" a todas as suas misturas e matizes, aglutine à tinta artística um pouquinho de tinta industrial (esmalte sintético) "pouco" para não dar o craquelê, e use na maioria das vezes como tecido da tela ( o algodão colono ). Como tinta base da tela use a tinta industrial para paredes: Coral Mu da Coral. Boa sorte!