"ALMOÇO NA RELVA" (uma das partes salvas por Monet) |
A primeira vez que soube do ataque de bolor em pinturas foi quando li o livro "Monet" de Christoph Heinrich, pela Editora Taschen. O livro traz o relato da quase total destruição de O ALMOÇO NA RELVA de 4,20 X 6,50 metros. Monet teve que se desfazer do quadro como garantia ao seu senhorio por consequência de meses de aluguel em atraso. Mais tarde quando o pintor resgatou a tela, ela já estava em grande parte destruída pelo bolor. Ele recortou-a sobrando apenas duas partes da obra. Contam que tal obra esteve em seu poder até quase o fim de sua vida.
Para que você possa entender: bolor é o fungo em estágio inicial, quando, sobre diferentes superfícies, fica uma camada em alto relevo na tonalidade acinzentada. Sendo que o mofo é o fungo em estágio avançado, que deixa uns pontinhos pretos; muito difícil de sair quanto encontrado em superfícies fibrosas, principalmente tecidos.
EXPERIÊNCIA CRUEL:
Tive o desprazer de ter uma de minhas telas("NARCISO") atacada por mofo e bolor. Quando percebi a tela já tinha grande parte de sua superfície atacada por tais fungos. Fiquei muito aborrecido, chegando a pensar em destruir a tela e fazer uma outra, mas depois de algumas pesquisas resolvi usar uma solução de água mineral e vinagre branco. Fiz uma limpeza demorada e bastante minuciosa para que eliminasse ao menos 90% do bolor. Para isto removi a tela do chassi, limpando frente e o verso. A tela ficou em observação por algum tempo para que pudesse ter certeza de que havia eliminado o risco de que tal praga voltasse. Consegui eliminar o fungo, mas restaram algumas manchas, resolvia guardar a pintura para que mais tarde viesse a fazer uma restauração. Mais uma vez tive uma surpresa, sendo que desta vez surgiram trincas na pintura. Demasiado aborrecido, pensei mais uma vez em destruir a tela. Então, mais pesquisa e o desafio de restaura-la.
Voltei a trabalhar na tela, preparei um novo chassi e estiquei a tela cuidadosamente com medo de que a rasgasse, tendo o cuidado de não tensionar muito e correr o risco de surgir novas trincas. Voltei a trabalhar as cores de minha paleta, o que ajudou muito, pois costumo trabalhar quase que sempre com as mesmas cores. Depois de muito trabalho a tela ficou pronta, ganhou um aspecto diferente do que era antes, mesmo assim agradou-me muito.
COMO PODE TER OCORRIDO:
Comecei a a fazer experiencias com gesso acrílico, pois sempre achei legal trabalhar processos de tal alquimia. Ter a possibilidade de preparar meus próprios suportes sempre foi algo que sempre me atraiu muito. Escolher o tecido de algodão, preparar o gesso na devida proporção de gesso e goma, montar o chassi e esticar a tela. Então posso descrever alguns pontos que hoje ajudam-me a prevenir muitos problemas:
1 - Costumo lavar o tecido antes de usá-lo e enxaguá-lo bastante;
2 - Estico o tecido e aplico uma leve camada de gesso acrílico, deixo secar e plico mais uma demão;
3 - Estico a tela no chassi sem fazer muita tensão, mas tendo o cuidado de que não fique frouxa e venha a surgir mossas após a pintura da tela;
4 - Aplico uma camada de base de goma feita de grãos de pele de coelho, o que protege consideravelmente contra sujeira e reduz a taxa de degradação.
Estas são as dicas que tenho a respeito de tais problemas. Estou sempre em busca de novas técnicas, estudando sempre para continuar aprimorando minha técnica. Aprendendo com os erros e brincando com a imaginação.